O traumatismo craniano está vinculado a um risco três vezes
maior de suicídio entre adultos, comparado ao restante da população, segundo um
estudo canadense divulgado nesta segunda-feira (08/02).
Os resultados corroboram pesquisas anteriores, segundo as
quais o traumatismo pode provocar alterações fisiológicas duradouras invisíveis
ao scanner. Tratam-se de alterações na serotonina, hormônio do sistema nervoso
central que desempenha um papel-chave na depressão. "Devido ao
desaparecimento rápido dos sintomas depois do traumatismo (vertigem, dor de
cabeça, etc.), os médicos tendem a subestimar seus efeitos nefastos e sua
importância no histórico médico do paciente", assinala o pesquisador
Donald Redelmeier, do Instituto de Análises Científicas Clínicas de Toronto,
Canadá, principal autor do estudo, publicado pela revista especializada da
associação médica canadense.
"Vidas poderiam ser salvas" caso se desse mais
atenção aos efeitos duradouros de uma comoção cerebral", acrescentou o
especialista.
Neste estudo, os pesquisadores examinaram o histórico médico
de 235.110 pacientes, com idade média de 41 anos, que sofreram traumatismo
craniano ao longo de um período de 20 anos, na província canadense de Ontario.
Durante um período de acompanhamento de 9,3 anos, foram
registrados 667 suicídios, por overdose de soníferos ou enforcamento,
principalmente. A maioria das pessoas nunca tinha sido tratada de doença
psiquiátrica.
AFP - Agence
France-Presse