BRASILEIROS DESENVOLVEM PESQUISA PARA TRATAMENTO DE CÂNCER
Estudo com molécula encontrada na saliva do carrapato é esperança para
milhões de pessoas no dia nacional de combate à doença
No Dia Nacional de Combate ao
Câncer, 27 de novembro, o Brasil apresenta grandes avanços na luta contra a
doença. Uma pesquisa do Instituto Butantan, que revela uma substância na saliva
do carrapato estrela (Amblyomma cajennense) capaz de reduzir tumores
cancerígenos, principalmente no pâncreas, está em fase de testes pré-clínicos.
Esta etapa é realizada em animais e deve comprovar a eficácia da proteína
conforme as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Patrocinada inicialmente pela
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa,
iniciada em 2003, hoje também é financiada e patenteada pela empresa brasileira
União Química Indústria Farmacêutica.
Dados do Instituto Nacional do
Câncer (INCA) apontam que o câncer de pâncreas representa 2% de todos os tipos,
sendo responsável por mais de nove mil novos casos anualmente. Dos pacientes que
contraem a doença, 75% morrem ainda no primeiro ano de tratamento. Cinco anos
após a detecção do tumor, a taxa de mortalidade sobe para 94%.
Segundo a farmacêutica e
coordenadora da pesquisa, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, os primeiros
resultados dessa fase devem aparecer em um ano. “Depois dessa etapa de testes o
estudo poderá ser realizado em humanos”, afirma.
Inicialmente, os pesquisadores
buscavam encontrar capacidade anticoagulante na saliva do carrapato, mas
perceberam que a proteína também agia diretamente nas células. O experimento
foi então estendido a camundongos que tiveram melanomas (câncer de pele)
induzidos, e o resultado surpreendeu os pesquisadores. “A saliva do carrapato
possui substancias tóxicas para células tumorais, sem oferecer risco para as
células saudáveis”, explica Ana Marisa.
O estudo já foi registrado no
Instituto de Propriedade Industrial (INPI) devido ao grande potencial
terapêutico da molécula. A pesquisa também está protegida pelo Patent
Cooperation Teaty (PCT), e a expectativa é de que o medicamento seja totalmente
produzido no Brasil.
Dia Nacional de Combate ao Câncer
A data foi criada com o intuito
de conscientizar a população, principalmente quanto à prevenção da doença e o
diagnóstico precoce, fazendo com que o paciente tenha uma qualidade de vida
acima da expectativa dos que descobrem tardiamente.
A Portaria do Ministério da Saúde
nº 707, de dezembro de 1988, que regulamenta a data, estabelece que o Dia
Nacional de Combate ao Câncer seja uma oportunidade para lembrar o importante
significado histórico das entidades de combate ao câncer, de consagração aos
serviços prestados ao país e proporcionar importante mobilização popular quanto
aos aspectos educativos e sociais na luta contra a doença.
Luiz Nascimento