Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
revelou que a redução voluntária de sódio em alimentos industrializados,
pactuada por empresas e Governo Federal em 2011, corre o risco de não atingir
os objetivos propostos. Mesmo após 2017, quando termina a segunda fase do
acordo, alguns alimentos poderão manter mais do que o dobro da quantidade
recomendada de sódio (dois gramas, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde), informou O Globo (16/4).
Hambúrgueres, empanados, embutidos e sopas prontas, alguns dos nove
itens analisados na etapa mais recente do acordo, deverão continuar com teores
muito altos, constatou a análise do Idec, que avaliou rótulos de 95 produtos.
Na etapa anterior, foram analisados produtos como macarrão instantâneo, pães e
biscoitos. A pesquisa evidencia que grande parte dos alimentos já apresenta
quantidade de sódio dentro do valor estipulado pelas metas ou está muito
próxima de atingi-las. No entanto, como as metas são brandas, não exigem grande
esforço dos fabricantes e, mesmo cumprindo o acordo, continua-se a expor o
consumidor a ingestão de sódio superior à recomendada.
O teor de sódio fixado para a fase que termina em 2015 já foi atingido
em 57,9% dos produtos; e 49,5% estão de acordo com a quantidade a ser atingida
até 2017. Para Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec responsável pela
pesquisa, as regras para o cálculo precisam ser revistas.
Segundo o Ministério da Saúde, 16 categorias de produtos estão
envolvidas no compromisso de redução do teor de sódio, o que corresponde a 90%
dos alimentos industrializados. Grande parte dos produtos, no entanto, vai
poder manter sua composição nutricional como está, ressaltou reportagem do site
da EBC (24/4). A salsicha é um exemplo: 100% das marcas analisadas já contêm
teor de sódio igual ou menor que o previsto no acordo, para 2015 e para 2017.
No caso do requeijão, os fabricantes terão de diminuir apenas 1,8% de sódio
para cumprir o fixado para até 2017. “Estudos apontam que, se retirado pouco
mais de 20% do sódio de um alimento, o impacto no paladar do consumidor é
mínimo, a ponto de ele nem perceber que está menos salgado. Ou seja, a
diminuição poderia ser maior”, considerou Ana Paula.
Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ingestão de sódio
pelos brasileiros é de 5 gramas por dia, mais que o dobro do que a OMS
recomenda. A quantidade mensurada de sódio não é equivalente à de sal — o sal é
encontrado naturalmente nos alimentos, enquanto o sódio é adicionado pela
indústria. A meta diária de sal é de 5 gramas (uma colher rasa de chá),
equivalendo a 2 gramas de sódio.
Fonte: Revista Radis