PÁGINAS

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Saúde em cheque: Indústrias não reduzem sódio dos alimentos conforme acordo


Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revelou que a redução voluntária de sódio em alimentos industrializados, pactuada por empresas e Governo Federal em 2011, corre o risco de não atingir os objetivos propostos. Mesmo após 2017, quando termina a segunda fase do acordo, alguns alimentos poderão manter mais do que o dobro da quantidade recomendada de sódio (dois gramas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde), informou O Globo (16/4).

Hambúrgueres, empanados, embutidos e sopas prontas, alguns dos nove itens analisados na etapa mais recente do acordo, deverão continuar com teores muito altos, constatou a análise do Idec, que avaliou rótulos de 95 produtos. Na etapa anterior, foram analisados produtos como macarrão instantâneo, pães e biscoitos. A pesquisa evidencia que grande parte dos alimentos já apresenta quantidade de sódio dentro do valor estipulado pelas metas ou está muito próxima de atingi-las. No entanto, como as metas são brandas, não exigem grande esforço dos fabricantes e, mesmo cumprindo o acordo, continua-se a expor o consumidor a ingestão de sódio superior à recomendada.

O teor de sódio fixado para a fase que termina em 2015 já foi atingido em 57,9% dos produtos; e 49,5% estão de acordo com a quantidade a ser atingida até 2017. Para Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec responsável pela pesquisa, as regras para o cálculo precisam ser revistas.

Segundo o Ministério da Saúde, 16 categorias de produtos estão envolvidas no compromisso de redução do teor de sódio, o que corresponde a 90% dos alimentos industrializados. Grande parte dos produtos, no entanto, vai poder manter sua composição nutricional como está, ressaltou reportagem do site da EBC (24/4). A salsicha é um exemplo: 100% das marcas analisadas já contêm teor de sódio igual ou menor que o previsto no acordo, para 2015 e para 2017. No caso do requeijão, os fabricantes terão de diminuir apenas 1,8% de sódio para cumprir o fixado para até 2017. “Estudos apontam que, se retirado pouco mais de 20% do sódio de um alimento, o impacto no paladar do consumidor é mínimo, a ponto de ele nem perceber que está menos salgado. Ou seja, a diminuição poderia ser maior”, considerou Ana Paula.

Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ingestão de sódio pelos brasileiros é de 5 gramas por dia, mais que o dobro do que a OMS recomenda. A quantidade mensurada de sódio não é equivalente à de sal — o sal é encontrado naturalmente nos alimentos, enquanto o sódio é adicionado pela indústria. A meta diária de sal é de 5 gramas (uma colher rasa de chá), equivalendo a 2 gramas de sódio.

Fonte: Revista Radis