A
obesidade é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos
maiores problemas de saúde pública. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3
bilhões de adultos estejam com sobrepeso, e mais de 700 milhões, obesos. No
Brasil, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (Abeso), a doença vem crescendo cada vez mais, e
levantamentos apontam que mais de 50% da população brasileira já está acima do
peso. Os impactos são generalizados. O aumento do risco de doenças
cardiovasculares, diabetes e câncer é mais conhecido, mas será que os homens
têm noção do impacto do peso em sua saúde como um todo, inclusive em sua saúde
sexual?
Entre
os impactos negativos que a obesidade pode causar à saúde do homem estão o
maior risco de aterosclerose, diabetes, síndrome metabólica, doença hepática
gordurosa não alcoólica, problemas cardíacos e disfunção erétil, mais conhecida
como impotência sexual. Estudos mais recentes mostram relação, inclusive, com o
câncer de próstata. Isso prova como o peso em excesso representa um sério fator
de risco para a redução da qualidade e da expectativa de vida. Mas grande parte
dos brasileiros nem sequer desconfia que a obesidade é um dos principais
fatores relacionados à andropausa, condição multifatorial caracterizada pela
queda dos níveis de testosterona em homens, também conhecida como
hipogonadismo.
Segundo
o urologista Archimedes Nardozza Jr., presidente da SBU, o excesso de tecido
adiposo altera o funcionamento da hipófise e dos testículos, inibindo a
produção da testosterona, quadro mais acentuado a partir dos 45 anos. A queda
da testosterona traz diversos problemas aos homens, prejudicando a qualidade de
vida ao provocar alterações de humor, cansaço, sensação de perda de energia e
diminuição das massas óssea e muscular. Além disso, afeta também a vida sexual
ao diminuir a libido e desencadear a disfunção erétil. O problema, segundo o
urologista Pedro Romanelli, coordenador do serviço de Urologia do Hospital
Madre Teresa, em BH, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Minimamente Invasiva e Robótica, é que os homens não falam sobre isso.
O
homem tem fama de não gostar de ir ao médico e cuidar menos da saúde que as
mulheres. Fato é que a perspectiva de vida deles é pelos menos cinco anos menor
que a delas. Segundo Romanelli, muitas vezes eles chegam ao consultório levados
pelas companheiras e cabe ao médico aproveitar esse momento para tentar cuidar
da saúde do homem como um todo, encaminhando-o para outros especialistas,
dependendo do problema encontrado. O especialista mineiro costuma orientar
sobre a colonoscopia, exame preventivo para o câncer de intestino e que deve
ser feito por toda a população com mais de 50 anos. Para os fumantes, ele chama
a atenção dos seus pacientes para os riscos do tabagismo e sugere uma pesquisa
especializada para investigar um possível câncer de pulmão.
Mas
se tivesse que cuidar apenas da saúde do sistema urinário e reprodutor do homem
já teria muito o que fazer. Os problemas mais comuns são a hiperplasia
prostática benigna (HPB), crescimento aumentado da glândula que traz
desconfortos ao homem na hora de urinar, e o câncer de próstata, cita
Romanelli. Dados recém-divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer José
Alencar Gomes da Silva (Inca) indicam que, somente este ano, surgirão, no
Brasil, 61.200 novos casos de câncer de próstata. Desses, aproximadamente 14
mil evoluirão para óbito. Segundo Pedro Romanelli, estudos revelam que homens
com níveis de testosterona mais baixos tendem a ter câncer de próstata mais
agressivo. Além disso, esses baixos índices diminuem a libido, o que pode
afetar a potência sexual do homem.
A obesidade interfere muito na produção de hormônios. O homem
obeso passa a produzir menos testosterona, que é o hormônio masculino, e passa
a produzir estrógeno, que é o hormônio feminino, explica. Mas a perda de peso
nesses pacientes, em qualquer momento da vida adulta, pode resultar em
benefício para a saúde. Para viver com saúde e qualidade, além de buscar uma
alimentação saudável e a prática de atividade física, é preciso reforçar a
importância da consulta médica e da realização de exames periódicos. Dessa
forma, se existir alguma anormalidade, o médico vai avaliar e indicar o
tratamento adequado, defende Archimedes.
www.saudeplena.com.br - Carolina Cotta
- Estado de Minas