Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados
Unidos, identificaram uma proteína presente na urina que indica quais pacientes
com doença renal crônica (DRC) têm maior chance de desenvolver a insuficiência
renal terminal. Os resultados do estudo abrem caminho para o desenvolvimento do
primeiro teste clínico que poderá ajudar os médicos a se anteciparem para
retardar ou parar a progressão da enfermidade.
Atualmente, os testes clínicos são incapazes de prever, nas
fases iniciais da doença renal, quais são as chances de o paciente desenvolver
a insuficiência em estágio final, processo que pode demorar décadas para se
manifestar. Em busca de um biomarcador não invasivo da progressão da doença, Ju
Wenjun e colegas analisaram os perfis de expressão gênica de biópsias de rim de
261 pacientes com doença renal crônica. A partir da análise da urina dos
participantes, a equipe de cientistas descobriu que a quantidade do fator de
crescimento epidérmico (FCE), uma proteína envolvida no reparo do tecido renal,
é um indicador do agravamento da doença.
Após perceber a relação nos 261 pacientes, os pesquisadores
procuraram o mesmo efeito em 600 voluntários adicionais. “Em resumo, nosso
estudo utilizou uma estratégia de rastreamento imparcial para identificar a
quantidade de FCE como preditora de progressão da doença em grupos com
diversificada origem étnica e geográfica”, sintetiza Ju Wenjun. “Adicionada a
um painel de biomarcadores de doença renal crônica, a quantidade de FCE ajudará
os médicos a estratificarem o risco de progressão da enfermidade e, assim,
promoverá melhoras na capacidade de segmentar cuidados clínicos e de saúde,
especialmente nos locais em que os recursos são limitados”, completa o
principal autor.
Ju Wenjun acrescenta que o trabalho também poderá auxiliar o
desenvolvimento de ensaios clínicos que busquem novos medicamentos para a DRC,
cujo crescimento tem preocupado formuladores de políticas públicas. Atingindo
de 8% a 16% da população mundial, a enfermidade provoca a perda progressiva da
função renal e, potencialmente, a insuficiência renal permanente. A estimativa
da Sociedade Brasileira de Nefrologia é que, no Brasil, mais de 10 milhões de
pessoas tenham a doença renal crônica. Dessas, 90 mil estão em diálise — um
processo de estímulo artificial da função dos rins. (IO)