Com a deflagração da Operação Carne Fraca, que trouxe à tona
irregularidades encontradas em alguns dos maiores frigoríficos brasileiros –
que vão desde uso de produtos químicos para mascarar carne vencida ao excesso
de água para aumentar o peso dos produtos, as pessoas tem se perguntado como
escolher uma carne de qualidade para uma alimentação saudável e,
principalmente, como conservar essa carne de maneira correta.
Mas, o que muita gente não sabe, é que o controle e
fiscalização de alimentos no Brasil é uma responsabilidade compartilhada entre
órgãos da Agricultura (Secretarias e Ministério) e o Sistema Único de Saúde
(SUS), cada um com as suas responsabilidades e atribuições distintas. Os órgãos
da Agricultura, diferentemente do SUS, não formam um sistema, e apesar de
interligados são independentes. Esses órgãos são responsáveis pela normatização
e controle dos abatedouros, frigoríficos e das indústrias de processamento de
produtos de origem animal, a exemplo de carnes e seus produtos derivados, bem
como pela garantia da qualidade desses produtos.
Ainda, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, por meio do Serviço de Inspeção Federal (SIF), é responsável
pelos produtos comercializados nacional e internacionalmente. “No âmbito
estadual, a responsabilidade de fiscalização dos produtos de origem animal é do
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), enquanto os produtos fiscalizados
pelos Serviços de Inspeção Municipais (SIM) somente podem ser comercializados
nos municípios onde são produzidos”, explica a diretora de vigilância de
alimentos da Secretaria de Estado de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG),
Ângela Ferreira.
Como conservar
corretamente às carnes após a compra?
Além disso, cabe a Vigilância Sanitária, tanto estadual como
municipal, em relação aos produtos de origem animal, atuar de forma
complementar a fiscalização dos órgãos da Agricultura, no controle dos
estabelecimentos comerciais, tais como serviços de alimentação, supermercados e
açougues, dentre outros.
Ângela comenta ainda que os produtos cárneos somente devem
ser adquiridos e consumidos se forem fiscalizados por um dos citados órgãos. “A
forma de verificar se houve fiscalização é a presença do selo dos citados
órgãos na rotulagem. Ainda que, a além dos rótulos, deve ser observada as
características do produto, e especificamente em relação às carnes embaladas à
vácuo. É importante o consumidor observar se as carnes embaladas a vácuo
apresentam coloração vermelho arroxeado e se elas retornam a essa coloração
normal cerca de 20 minutos após a embalagem ser aberta”, orienta.
Já para carne fresca, que não possuem rótulos, o consumidor
deve observar a presença de carimbo nas peças (que recebem uma marcação em
tinta com o número de registro) comercializadas nos açougues.
Caso o carimbo
não esteja mais visível, devido ao corte da peça, ele pode questionar ao
funcionário do estabelecimento sobre a origem da peça. “O consumidor deve
observar os aspectos desses produtos, que devem se apresentar com coloração
vermelho intenso, sem mau cheiro, estar armazenada em uma gôndola com
temperatura apropriada, e em um ambiente bem higienizado”, aponta Ângela.
Conservação doméstica
Depois de comprar a carne no açougue, como conservá-la na
geladeira de casa? A diretora de vigilância de alimentos da SES-MG, Ângela
Ferreira, reitera que a carne bem conservada se apresentará na coloração
vermelha intensa.
Já a carne que não se encontra em bom estado de conservação
apresenta uma coloração escura. “Quando ela estiver amarelada ou esverdeada é
sinal de que está imprópria para consumo. A forma mais fácil de saber se a
carne está estragada é por meio de seu cheiro, se estiver com odor
desagradável, ela não deve ser consumida”, afirma. Abaixo, confira algumas
orientações importantes:
O transporte das carnes até a residência deve ser o mais breve
possível e, se possível, serem transportadas em sacolas térmicas.
As carnes frescas devem ser mantidas no refrigeradorem
temperaturas inferiores a 7 graus até o momento do preparo.
Recomenda-se consumir a carne refrigerada em até 48 horas
após a compra.
As carnes congeladas devem ser mantidas no congelador,
sempre de acordo com a data de validade de cada produto (disponível na
embalagem).
As carnes devem ser descongeladas de maneira lenta, dentro
de um refrigerador, não devendo ser descongelada em temperatura ambiente ou em
água quente.
Não se deve congelar novamente as carnes que já tenham sido
congeladas anteriormente.
Embutidos
O consumo de embutidos também merece uma atenção especial. A
diretora de Promoção à Saúde da SES-MG, Daniela Souzalima, explica que os
produtos embutidos possuem baixo valor nutricional. “Eles são pobres em fibras,
vitamina e minerais, possuem elevada quantidade de sal, açucares, gorduras
saturadas e alta concentração de aditivos químicos”, explica.
De acordo com as recomendações do Guia Alimentar para a
População Brasileira (2015), o consumo de embutidos, assim como todos os
alimentos ultraprocessados deve ser evitado, uma vez que já é comprovada sua
associação com diversos tipos de canceres, doenças cardiovasculares,
deficiências nutricionais e obesidade. Clique aqui e confira no Blog da Saúde
MG qual é a diferença entre alimentos ultraprocessados e in natura.
Informações www.saude.mg.gov.br