Durante sessão ordinária da Câmara de Vereadores, realizada
nesta quinta-feira, 26/06, houve apresentação de denúncias quanto à situação
precária da saúde, feitas pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde,
Nelson de Abreu, que alertou: “a Saúde de Manhuaçu pede socorro”. Entre os
presentes, o Secretário Municipal de Saúde, Dr. José Rafael de Oliveira Filho;
diretora administrativa do Hospital César Leite, Ana Lígia de Assis; ex-vereadora
e conselheira de Saúde, Maria Imaculada Dutra, e o presidente do Coamma, Vasco
Fernando Motta Rodrigues, além da expressiva participação de funcionários do
setor.
O presidente da Câmara, Maurício de Oliveira Júnior,
ressaltou que a população precisa de soluções para os problemas existentes na Saúde.
“É preciso diminuir a distância entre a maratonista demanda e a cambeta
estrutura. Precisamos de soluções e não apenas de justificativas”, alertou. Maurício
encaminhou cópias do relatório entregue pelo Conselho Municipal de Saúde à
Câmara para os vereadores, e, em seguida, informou ao plenário a necessidade de
se ausentar, passando a condução dos trabalhos para o vice-presidente Anízio
Gonçalves de Souza (Cb. Anízio), que assumiu a função de presidente interino.
Cb. Anízio convidou, inicialmente, o Secretário Municipal de
Saúde, Dr. José Rafael, para se pronunciar. Este, juntamente com técnicos da
secretaria, apresentou em telão a estrutura atual do SUS de Manhuaçu e um breve
balanço das atividades desempenhadas nos últimos seis meses. Em seguida, os
vereadores fizeram diversos questionamentos, cobrando informações sobre o
atendimento prestado a população na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e ESFs
(Estratégia Saúde da Família), na cidade e na zona rural; a implantação de
programas dos governos federal e estadual; a situação da frota de ambulância e
demais veículos, além da polêmica decisão da prefeitura de centralizar os
setores de compras e contábil do SUS junto à Administração Municipal – que tem
resultado em transtornos diversos, como a demora na aquisição de medicamentos e
dificuldade de fiscalização das contas pelo Conselho de Saúde - entre outros
pontos.
Dr. José Rafael disse que a UPA atende seis mil pacientes
por mês e que se tornou um PSF gigante da região. “A UPA precisa duplicar seu
pessoal e sua área física”, relatou. O Secretário cobrou maior apoio dos
municípios vizinhos. “Custaria para uma secretaria, como a de Reduto, por
exemplo, nos mandar um funcionário ou auxiliar nos finais de semana? Acho que
não. Precisamos da ajuda dos políticos da região” afirmou. Ele relatou ainda
que a Saúde apresenta à Secretaria Municipal de Administração os levantamentos
daquilo que o setor necessita, mas que cabe à Administração proceder com as
compras. Em várias questões levantadas pelos vereadores o secretário alegou
serem necessárias consultas à Assessoria Jurídica e outros setores do Município
para dar uma resposta satisfatória, sendo necessário um retorno à Casa
Legislativa.
Vereador Gilson César da Costa reiterou mais uma vez a
necessidade de a Secretaria disponibilizar o fornecimento de combustível para
enfermeiros e agentes de Saúde que atendem pacientes fora da cidade. Gilsinho
reclamou da postura do Secretário Municipal de Administração, João Batista
Hott, em atrasar ou mesmo bloquear compras necessárias para diversos setores da
prefeitura, principalmente a Saúde.
Vereador Jânio Garcia Mendes (Janinho) mencionou a
reclamação de servidores sobre atitudes de perseguição feita pela Administração
Municipal.
Vereador João Gonçalves Linhares Júnior questionou o anúncio
das emendas viabilizadas por deputados para a Saúde, na apresentação feita pela
Sec. de Saúde: “tomara que todos estes deputados tragam realmente dinheiro para
a Saúde. O que sabemos é que as eleições se aproximam”, lembrou Juninho
Linhares. Ele ainda perguntou sobre a situação do pagamento de insalubridade
aos funcionários da Saúde.
Sobre a insalubridade, Gilson César complementou que já encaminhara dois Requerimentos à Administração Municipal. “O Secretário João Batista Hott (Administração) disse em Outubro de 2013 que foi contratada empresa para analisar a questão. Mas, até hoje nada foi feito”, reclamou Gilson.
Vereador Fernando Lacerda solicitou informações específicas
do secretário de saúde sobre quanto o município repassa, de recursos próprios,
para o Hospital César Leite e quando a prefeitura irá cumprir o piso sancionado
pela presidente Dilma Rousseff, no valor de R$ 1.014,00, para agentes
comunitários.
Outro ponto arguido pelo vereador foi sobre centralização do
setor de RH (Recursos Humanos) do SUS junto à Administração. O Secretário
respondeu que, de fato, parte do setor – onde se concentra o arquivo -, será
remanejada para a prefeitura.
Vereador Paulo César Altino mencionou a necessidade de o secretário
acompanhar o atendimento prestado na UPA, para que a população seja bem
atendida.
Cb. Anízio solicitou melhorias para o refeitório e o banheiro da UPA e do SUS, visando humanização do setor, com melhores condições para os funcionários.
Saúde pede socorro
O Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Nelson de Abreu,
entregou na reunião um documento da entidade (Ofício nº 060/2014), contendo
lista de 25 fatos/ denúncias relacionadas a irregularidades constatadas na
Saúde às mãos dos vereadores e pediu ajuda à Casa Legislativa para que
providências sejam tomadas. “Nem o arroz com feijão está sendo feito. Está pior
do que se imagina”, pontuou, sobre o setor no município.
Nelson relatou problemas como o precário funcionamento dos
exames de colonoscopia e endoscopia – gerando filas de espera -; defeitos
constantes no aparelho de ultrassonografia; providências para o atendimento de
cateterismo; providências para as ESFs de São Pedro do Avaí, São Sebastião do
Sacramento, Manhuaçuzinho e de Palmeiras do Manhuaçu, além de reformas das
demais unidades de Saúde; descumprimento da Lei Orgânica Municipal quanto ao
cumprimento de horário integral por parte dos cargos comissionados da Saúde,
inclusive os médicos (conforme acordo firmado); falta de médicos especialistas;
o atendimento oftalmológico é só para crianças; estrutura precária e desumana
no Raios-X do SUS; necessidade de reforma nas dependências da Sec. de Saúde;
falta de atuação da Vigilância Sanitária no setor público; término da
construção da Farmácia do SUS; funcionamento do refeitório da UPA; frota
sucateada devido à falta de manutenção e gastos excessivos com terceirizados;
médicos e enfermeiros das ESFs não realizam visitas domiciliares por falta de
veículos; Relatório do 3º quadrimestre de 2013 ainda não foi apresentado ao
Cons. M. de Saúde; cotas do laboratório diminuídas, mesmo com o aumento da
população usuária; internet lenta; TFD (Tratamento Fora de Domicílio) funciona
somente até 11h da manhã, por falta de funcionários que a Prefeitura remanejou
e não houve substituição; no setor de Fisioterapia: fila de espera, veículo
insuficiente para atendimento e equipamentos sucateados; falta de humanização
no atendimento; UPA sobrecarregada devido a municípios vizinhos fazerem
ambulatório na UPA e o não cumprimento do horário dos médicos das Estratégias
de Saúde da Família; aprovação de mais uma equipe multidisciplinar do NASF, e a
inexistência do Plano Municipal de Saúde e a Programação Anual de Saúde.
Nelson de Abreu solicitou que os vereadores deem total
atenção ao relatório entregue, pois, a população está sendo muito prejudicada.
Ele relatou ainda que já encaminhou o documento para o Ministério Público.“Não
sabemos o que é feito com recursos do Fundo Municipal de Saúde, o que deveria
ser obrigação do Conselho. Nenhuma informação chega para o conselho, desde a
mudança do setor. Na UPA, pacientes ficam os finais de semana e feriado sem
acompanhamento de médico. Eles precisam ficar lá, com agulhas espetadas,
tomando os medicamentos administrados durante a semana”, denunciou.
Gilson César (Gilsinho) defendeu a necessidade da abertura de mais uma unidade ESF em Vilanova, ressaltando que o município possui uma população aproximada de sete mil habitantes e que o único posto de saúde existente já não é suficiente.
O Presidente interino Anízio Gonçalves de Souza informou que as denúncias serão analisadas pela Comissão de Saúde, e, posteriormente, avaliadas em plenário para as providências cabíveis por parte dos vereadores.
Fonte: Assessoria de
Comunicação da Câmara de Vereadores de Manhuaçu