A maioria dos brasileiros (94%) sabe que a camisinha é melhor
forma de prevenção às DST e Aids. Mesmo assim, 45% da população sexualmente
ativa do país não usou preservativo nas relações sexuais casuais nos últimos 12
meses. Os dados, inéditos, são da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e
Práticas na População Brasileira (PCAP), apresentados nesta quarta-feira, 28/01,
em Brasília, durante o lançamento da campanha de prevenção às DST e Aids para o
Carnaval 2015. Realizada em 2013, a pesquisa entrevistou 12 mil pessoas na
faixa etária de 15 a 64 anos, por amostra representativa da população
brasileira.
Os dados comparativos com pesquisas anteriores mostram que o
uso do preservativo na última relação sexual, ocorrida nos últimos 12 meses, se
manteve praticamente estável: 52% em 2004, 47% em 2008 e 55% em 2013, apesar
das constantes campanhas de estímulo ao uso do preservativo durante todos esses
anos. Além disso, houve um crescimento significativo de pessoas que relataram
ter tido mais de 10 parceiros sexuais na vida. Esse percentual subiu de 19%, em
2004, para 26% em 2008, chegando a 44% no ano de 2013.
“A pesquisa demonstra que o nível de conhecimento da
importância do uso do preservativo na população continua alto e que uso de
camisinhas no sexo casual também vem se mantendo estável entre 2004 e 2013. No
entanto, o que tem mudado muito é o comportamento das relações, com aumento do
número de parceiros. Isso exige, particularmente dos jovens, muita
responsabilidade e preocupação com preservação de sua saúde e de seus
parceiros, utilizando regularmente a camisinha, fazendo o teste para o HIV e,
quando positivo, fazer o tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de
Saúde”, orienta o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Diante deste panorama, o Ministério da Saúde optou por uma
campanha de carnaval focada na prevenção, combinando camisinha, testagem e
tratamento. Para tanto, houve um fortalecimento de estratégias complementares
ao uso do preservativo. Um exemplo é introdução, em dezembro de 2013, do novo
Protocolo de Tratamento para Adultos. O documento possibilitou o acesso aos
antirretrovirais a todas as pessoas com o vírus da Aids. Atualmente, são cerca
de 400 mil pessoas em tratamento, com 22 medicamentos antirretrovirais
distribuídos pelo SUS.
Testagem
Paralelo às campanhas de incentivo ao sexo seguro, que são
desenvolvidas pelo Governo Federal, estados e municípios - o Brasil tem adotado
outras estratégias de prevenção, como a ampliação da testagem do HIV. Em 2014,
foram distribuídos 6,4 milhões de testes rápidos para HIV, número 26% superior
aos 4,7 milhões distribuídos em 2013.
Das cerca de 734 mil pessoas que vivem com HIV e Aids no Brasil
atualmente, 80% foram diagnosticadas.
O ampliação da assistência às pessoas com HIV e Aids e o
incentivo ao diagnóstico precoce fazem parte das estratégias do Ministério da
Saúde no cumprimento da meta “90-90-90”, que corresponde a 90% de pessoas
testadas, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável até 2020. As metas
foram adotadas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids
(UNAIDS).
Campanha
A mensagem geral da campanha de carnaval deste ano é
informar o jovem para se prevenir contra o vírus da Aids, usar camisinha, fazer
o teste e, se der positivo, começar logo o tratamento, reforçando o conceito
“camisinha + teste + medicamento” de prevenção combinada.
São 129 mil cartazes em quatro versões – segmentados para a
população jovem, travesti e jovem gay – um spot de rádio, 315 mil folders
explicativos da prevenção combinada e um vídeo para TV.
“Este ano, o ministério não irá centrar a campanha apenas no
uso de preservativos. Os dados da pesquisa indicam que focar as campanhas apenas
nesse uso tem limites. Essa nova estratégia se materializa em três dimensões:
primeiro no uso do preservativo, em segundo lugar na convocação da população a
fazer regularmente o teste e, em terceiro lugar, no início imediato do
tratamento em caso de teste positivo. Dessa forma, teremos condições de
enfrentar a epidemia de Aids, principalmente entre os grupos mais afetados pela
epidemia como os jovens”, explica o ministro Arthur Chioro.
Os materiais reforçam o slogan final usando a gíria “#
partiu teste”, linguagem típica desta faixa etária prioritária. Nas cidades com
maior concentração de foliões (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife,
Olinda, Florianópolis, Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei e Alfenas)
haverá um reforço das estratégias de comunicação da campanha. Além do rádio e
da TV, a campanha também será divulgada pela internet e em revistas temáticas
de carnaval e de comportamento LBGT.
Camisinhas
Nos aeroportos de
Santos Dumont, no Rio de Janeiro, Salvador e Recife serão instalados 34
displays para a retirada de camisinhas. Os equipamentos serão instalados, a
partir de 1º de fevereiro, nos banheiros femininos e masculinos destes
aeroportos. Inicialmente, serão abastecidos com 195 mil preservativos. Neste
ano, além do Carnaval, a campanha será estendida, com adaptações, para festas
populares - como São João e outros eventos - durante todo o resto do ano.
Apenas para o período do carnaval, o Ministério da Saúde
está distribuindo aos estados de todo país 70 milhões de preservativos. Ao todo,
os estados já contam com estoque de 50 milhões de unidades para as ações
cotidianas de prevenção, o que inclui o carnaval. O quantitativo de camisinhas
é definido com base no consumo médio mensal, além da capacidade de
armazenamento e o estoque presente no almoxarifado. Nos últimos cinco anos, o
Ministério da Saúde passou aos estados 2,2 bilhões de preservativos.
Cenário Aids
Desde os anos 80, foram notificados 757 mil casos de Aids no
Brasil. A epidemia no país está estabilizada, com taxa de detecção em torno de
20,4 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 39 mil casos de
Aids novos ao ano. O coeficiente de mortalidade por Aids caiu 13% nos últimos
10 anos, passando de 6,4 casos de mortes por 100 mil habitantes em 2003, para
5,7 casos em 2013.
Com informações do
Ministério da Saúde